A denominação São Leonardo tem como referência o ano de 1963. Mais precisamente em 3 de fevereiro foi aprovada na Câmara Municipal de vereadores a Lei nº 913 que criou o Distrito de de São Leonardo. Oficialmente o distrito foi instalado em 15 de dezembro de 1963. Antes dessa data, a localidade era conhecida pelo nome de “Quebra-Dentes”. A origem do nome deve-se ao relevo da região e ao transporte de carga por animais que subia e descia a serra por este local. Devido a sua extensão e declividade dificultava o transporte de carga feito com burros que patinavam na sua travessia, “principalmente em época de chuva, e com a carga no lombo chegavam a bater com o queixo no chão e muitos deles quebravam os dentes. Isso serviu de referência a muitos tropeiros e por isso originou-se esse nome”. O traçado da estrada próximo aos limites com o município de Rancho Queimado era aproximadamente o mesmo da rodovia 282, exceto em alguns locais em que o traçado afastava-se mais para o divisor de águas tonando o trecho mais íngreme.
“Quebra-Dentes” se localizava no trajeto Lages a Florianópolis e antes da emancipação de Barracão pertencia com este ao município de Bom Retiro. Localizava-se (e hoje São Leonardo) no fundo de um vale onde havia a presença dos índios. Registro da existência desses povos é evidenciado nas pontas de flechas, machadinhas de pedra entre outros instrumentos utilizados pelo índio e encontrados no local.
Na comunidade havia uma escola, a qual contava com uma biblioteca, fundada e mantida pelo professor, com mais de 2 mil exemplares. Na mesma escola era elaborado pelos alunos um jornal mensal chamado O Colibri. O jornal era escrito à mão e apresentava as notícias da comunidade e do município.
Na década de 1940, a região era próspera, favorecida pelo contato e negócios com tropeiros. Havia comércio, pequenas fábricas e armazéns, lojas de ferragens, de tecidos e armarinhos, tudo construído por famílias e de forma artesanal. Após a Segunda Guerra ficou difícil de adquirir peças e produtos como o querosene para uso nas lamparinas e lampiões o que provocou a substituição por produtos fabricados localmente. Assim, “Quebra-Dentes” foi favorecida pela estrutura já existente e pelo comércio com tropeiros, carreteiros e caminhões que facilitava a troca de mercadorias.
Na Vila Quebra-Dentes e região existia hotel, armazéns (chamados de vendas que vendiam ferragens, tecidos entre outros produtos), atafonas para fazer farinha de milho (o trigo era importado), engenho de farinha, galpão de pouso para tropeiros e pastagens para os animais como o gado e mulas, fábrica de baterias (Weite), uma pequena fabrica de enxadas movida à água, ferrarias (fabricavam facões, foices, peças para carroças e ferrava os cavalos), alfaiataria, selarias (vendiam artefatos de couro tais como: sela e arreios para montaria e demais utensílios para cavalos puxarem carroças); funilaria (fabricavam lamparinas, chaculateiras, farinheiras, funis de folhas galvanizadas, etc) e serraria.
O aumento do transporte de madeira fez com que surgissem novos estabelecimentos comerciais, hotel, borracharia, armazém, posto de gasolina e oficinas de reparo de radiadores, fábrica de montagem de rádio (as caixas tinham modelo padrão eram produzidas no local e as peças compradas em São Paulo), pequena fábrica de sandálias e chinelos e fábrica de móveis.
As fontes de energia para as pequenas fábricas, residências, engenho, serrarias e atafonas eram as rodas da água, o querosene, a gasolina ou o óleo. No entanto, exigia muito trabalho e tornava o processo das fábricas muito difícil e impedia de concorrer com outras indústrias instaladas na região dos municípios vizinhos e até em outros estados. Assim, aos poucos, os proprietários foram se desfazendo de seus empreendimentos ou transferindo-se para locais que já contavam com a energia elétrica, Alfredo Wagner ou para municípios vizinhos.
A tardia instalação da rede de energia elétrica provocou o primeiro declínio na dinâmica socioeconômica da Vila de São Leonardo. Posteriormente, o traçado da BR-282 se distanciou do centro do Distrito de São Leonardo o que novamente prejudicou a economia do lugar.
Grupo de dança Alemã de São Leonardo |