Índios

Índios Xokleng
No município de Alfredo Wagner os testemunhos da ocupação humana mais remota – período pré-colonial – se apresentam como “sítios líticos”, “casas subterrâneas”, “abrigos-sobre-rochas” e de “sepultamentos”. O período pré-colonial encerrou com a chegada dos primeiros europeus que entraram em contato com os índios Xokleng, descendentes dos povoadores mais remotos do território brasileiro.
O Estado de Santa Catarina distinguia-se por território três grupos indígenas. Os grupos Guarani ,Tupi e as populações integrantes do tronco lingüístico.
Na região da Mata Atlântica entre o litoral e o planalto, desde o Norte do Rio Grande do Sul até o Sul do Paraná ocupando as áreas dos pinhais das bordas do planalto catarinense estavam localizados os Xokleng. As populações Xokleng eram formadas por diversos grupos compostos de 50 a 300 indivíduos. No século XIX quando ocorreu a colonização da região ocupada pelos Xokleng havia pelo menos três grupos integrantes desta etnia: “um deles vivia no centro do território catarinense, tendo como área de ação principal o médio e o alto Vale do Itajaí; (local onde Alfredo Wagner está situado)  o segundo ocupava as cabeceiras do Rio Negro, na atual fronteira de Santa Catarina com o Paraná; o terceiro dominava o Sul, com base nos vales do Capivari e Tubarão. Como nômades, entretanto, esses grupos deveriam se subdividir e simultaneamente explorar largas áreas vizinhas a esses locais de maior concentração”. A montanha e o vale coberto de floresta era o ambiente geográfico e histórico dos Xokleng, grupos que viviam da caça, da coleta do pinhão, mel e frutas. “A região serrana, por seu turno, além de muitas outras frutas e sementes, tinha a oferecer o Pinhão, alimento rico, forte e sadio [...] Tinha ainda [...] a vantagem [o pinhão] de poder ser armazenado”.


Xokleng
Em Alfredo Wagner foi encontrado “um sítio submerso, contendo dois alqueires de pinhão armazenado pelos índios. De mais a mais havia na região abundância de caça: manadas de porcos do mato, cervídeos, antas, capivaras, coatis, pacas, cotias e tatus; sem falar da caça de penas: macucos, jacus, jacutingas, urus, pombas, perdizes, papagaios, nhambus, etc.". No período de frutificação dos pinheirais entre abril e junho aproveitavam parte deste recurso para armazenar guardando-os para os meses de entressafra. Uma das técnicas era encher balaios com pinhões e afundá-los em córregos próximos, voltando meses depois para consumir. De setembro a abril caçavam e coletavam na floresta mel, palmito, coró e outros alimentos.
Paralelamente, "Este regime de subsistência os condicionava a um constante deslocamento pendular entre as áreas próximas ao litoral, no verão, e as bordas dos pinheirais do planalto, durante o outono. Durante o verão, pequenos grupos familiares sobreviviam da caça, da coleta de frutas silvestres e mel, o que os obrigava a um deslocamento constante. Ao chegar o outono, período da frutificação do pinheiro nas bordas do planalto, o grupo se deslocava para esta área, onde formavam acampamentos maiores e mais estáveis, já que o pinhão e a caça por ele atraída não justificavam um deslocamento constante".

Índio Xokleng - Artefatos indígenas
Os Xokleng foram um dos últimos grupos a terem contato com os imigrantes europeus, o que ocorreu já no final do século XVIII, intensificando-se na segunda metade do século XIX até início do século XX. O contato tardio deve-se ao fato de que a região da Mata Atlântica - território tradicional dos Xokleng – teria ficado à margem do processo de ocupação colonial até a metade do século XIX,  isto é, quando o governo e companhias particulares iniciaram o processo de povoamento com os simultâneos contingentes de colonos europeus no território tradicional dos Xokleng. Assim, a aculturação os levou à dependência dos não índios, à expropriação do território à restrição da sobrevivência e à mudanças dos seus hábitos.
Índios Xokleng em contato com os colonizadores
Diante desses acontecimentos os Xokleng reagiram atacando os colonos que se fixavam no domínio da Mata Atlântica. Com intensificação desses ataques foram colocados em prática os meios de repressão pública por iniciativa dos presidentes das províncias e imprensa, representados pelas chamadas "tropas de pedestre", batedores de mato, a catequese promovida por religiosos ou a eliminação desses grupos com a ação dos bugreiros. Enquanto as companhias de pedestres e os "batedores de mato" tinham a finalidade de afugentar o indígena - o que se mostrou uma atividade sem sucesso com o passar do tempo - e com a restrição do seu território e a já concretizada ocupação dos territórios vizinhos os Xokleng não tinham mais para onde ir. Restava para o domínio do território a função do bugreiro e com ele o extermínio dos Xokleng. A atividade dos bugreiros era um trabalho em benefício da comunidade, o que os colocava como protetores das mesmas, cidadãos atuantes e respeitados por todos. O mais conhecido bugreiro em Santa Catarina foi Martinho Marcelino de Jesus ou Martinho Bugreiro. Nascido em Bom Retiro por volta de 1876, trabalhou em Taquaras na fazenda do Major Generoso de Oliveira. Depois do casamento, morou com o sogro na Serra da Boa Vista. A seguir, mudou-se para o Caeté, onde fez história como bugreiro atuando em toda a região, inclusive na colônia militar.
No entanto, os Xokleng, como grupos tribais, tinham experiências de lutas. Tradicionalmente mantinham guerras com os Kaigang disputando o domínio do planalto, internamente na sociedade Kaigang havia a disputa entre os vários grupos locais, provavelmente pelos territórios de caça. Posteriormente, a presença dos tropeiros, dos criadores de gado e a ocupação dos vales pelos colonos semeando roças, disputando o palmito e a caça podem ter contribuído para aumentar a hostilidade. Assim, “Não se pode pensar, também, que os indígenas se aproximaram do branco e de sua propriedade sempre com o intuito de observar, de ver o que fazia o novo habitante, pacificamente. Na realidade os Xokleng eram homens e, como tais, sujeitos às emoções e atitudes imediatas, desconectadas de qualquer objetivo futuro. Não havia assim guerra ao branco, mas revide ou simplesmente agressão, motivadas às vezes, pelo encontro de índios e brancos em territórios que ambos tinham interesse”.            
No município de Alfredo Wagner encontram-se inúmeros registros arqueológicos e históricos. Localizado numa área de transição entre o litoral e o planalto foi também no passado território ocupado por populações humanas.
Os artefatos encontrados casualmente contribuem significativamente para a comprovação da existência de sítios arqueológicos que representam as populações que ocuparam a área do município de Alfredo Wagner e adjacências em períodos mais recuados no tempo.
Artefatos indígenas encontrados em Alfredo Wagner - SC

Pontas de Flechas
Sítios e/ou vestígios arqueológicos são encontrados na paisagem do município de Alfredo Wagner a céu aberto como as casas subterrâneas, os sítios líticos - apresentando concentração de instrumentos como pontas de flechas, machados, mão-de-pilão; e em grutas, abrigos sobre rochas, galerias. Em síntese, dentro do município de Alfredo Wagner existe uma série de monumentos arqueológicos que constituem testemunho da presença de populações pré-coloniais por aquelas regiões.