Picada: caminho entre a Serra e o Litoral

Carroças que dividiam espaço com os carros
na estrada velha
Aproximadamente, em 1889 havia três estradas ligando o litoral a Lages passando por Alfredo Wagner. Os meios de locomoção na época eram os animais de carga, animais para montaria e carroça. Uma das estradas, já extinta, saía de Rancho Queimado, passava por trás de Boa Vista, Rodeio do Gado, onde hoje se encontra a cidade de Bom Retiro. Uma outra partia de Catuíra, subindo o morro de Limeira, passando em Barro Branco, Corote, Hospital Maternidade Ranchinho, chegando a Figueiredo. Nesse ponto eram constantes os ataques indígenas contra viajantes e tropeiros resultando em perdas de vida.
Trecho da estrada velha "Rodoserra"
O outro caminho partia de Rancho Queimado, passava pelo faxinal Preto, seguindo pelo Chapado das Demoras até descer em Catuíra, subia pelo Costão do Frade onde se encontrava com outra estrada no Costão da Serra. No trajeto próximo à Barra Velha havia um trecho em que a passagem era difícil devido às águas que escorriam das encostas da Serra e inundavam a estrada formando um banhado. Para evitar os transtornos que causava resolveu-se calçar esse trecho da estrada. O trabalho na época exigia o transporte de pedras de longas distâncias arrastadas sobre um couro seco de boi. Esse trabalho difícil e de pouco rendimento foi realizado por um número considerável de escravos, trabalho este que levou a perda da vida de muitos deles. O calçamento foi concluído com aproximadamente 2 metros de largura por 6 quilômetros de distância. Um trecho dessa estrada ainda está conservado.
Trabalhadores da construção da estrada

Soldados na estrada, esperando desatolar a viatura
A revolução federalista e ao caminho que ligava o litoral ao planalto passando pela atual localidade de Demoras está associada à história do Soldadinho. Os registros contam que em 1893, após a Revolução Federalista, um grupo de soldados revolucionários que, perseguidos no litoral, resolveram subir a serra. A caminhada era difícil, pois desconheciam o caminho e o frio intenso da região. Um dos soldados, feridos e exausto, foi ficando para trás sem ser notado por seus companheiros. Ao anoitecer o grupo parou para o descanso quando notaram a falta do companheiro. Alguns soldados voltaram para procurá-lo, mas a noite escura era um obstáculo tornando a busca sem sucesso. Na manhã seguinte, voltaram a procurar o soldado desaparecido. Quando o encontraram já estava morto, congelado, encostado a uma árvore. Os companheiros o enterraram no mesmo local, colocando em sua sepultura uma simples cruz de madeira. A maioria dos viajantes que passavam pelo local acendia velas e faziam orações pela alma do desconhecido, posteriormente, dito milagreiro.

Rodoserra 1938 - Trechos que passavam por Alfredo Wagner